Sunday, November 13, 2011
Momentos
São milhares de coincidências – e pequenas escolhas
– que fazem um momento. Neste caso, ir a pé até Ürgup (a 8 km de
distância de Göreme) e uma demorada subida, levaram-me a este local. Um
pequeno abrigo no cimo de um dos vales que rasga Cappadocia. Protegido
do vento e bafejado pelo sol, encontro finalmente o tempo para admirar
todo este mundo.
Sinto que a
mesma me toca e me molda. De alguma forma estou diferente, mais calmo e
centrado nos meus pensamentos. Não estranho que os cristãos otomanos
tenham vindo para aqui. Toda a imensidão desta paisagem nos obriga à
reflexão e nos torna humilde.
Existe uma dualidade nesta paisagem. Cá de cima temos uma visão de
montanhas vermelhas e suaves. Uma visão ampla apenas cortada pelos
riscos brancos. Nesses riscos existe a monumentalidade tão retratada em
fotografias. É um local exótico por se passear. Os trilhos levam-nos a
vales curtos rodeados do branco caracteristico, a locais perdidos e
túneis que parecem portais para um mundo de fantasia.
Aliás
todo este mundo se assemelha a um mundo de fantasia. É fácil imaginar
que, por entre os arbustos, irá sair um duende a qualquer momento. Ou
que o som do vento, é a nave de Luke Skywalker a chegar. Mas também é o
local perfeito para não pensar em nada. No meu caso, peguei no ipod e
deixei que o shuffle determinasse a música do momento. É clássica. De
repente as encostas tornam-se musicais. Como que esta provisse dos seus
vales. Talvez seja o ondular das colinas que combine com os acordes
desta música. Não sei. Nem me preocupo em encontrar o motivo. Deixo-me
embalar e aproveito mais um belo momento...
Monday, November 14, 2011
Ben Türk
Hoje é o último dia na Turquia. Na
realidade, amanhã ainda estarei por cá, mas será passado em viagem. De
Göreme para Ankara, e daí para Tehran. Sinto-me emocionado. Toda a
experiência foi overwhelming. Mais que tudo, levo comigo as pessoas que
conheci pelo caminho. Levo o companheirismo da Yuhsi, a simpatia do Zé, a
simpatia da Sophie, a ideia do Harry, a abertura do Alejandro, o
extraordinarismo de Volnei e da Pinar, a dica da Juliana, a conversa com
o Quang e a hospitalidade do Chris. Um excelente arranque de viagem.
Mas a Turquia terá sempre a imagem de
três pessoas: Eda, Naime e Özlem. Filhas desta lindíssima terra, foram a
chave para abrir as portas deste país. Não existem palavras com que
possa retribuir a simpatia, ajuda e hospitalidade que me entregaram. No
fundo sinto que representam o que de melhor este país tem para oferecer:
pessoas únicas, interessantes e envolvida num contexto histórico
fenomenal.
São as suas pessoas que fazem da
Turquia um grande país. Quer estejamos a passear pelas ruas estreitas de
Istanbul ou a admirar a belissima paisagem da Cappadocia, são elas que
transformam este local num sítio único.
Foram quinze dias espectaculares.
Istanbul é um sitio vibrante. Não te deixa indiferente. Um palco imenso
para a vida. Tanto no meio da confusão de um mercado, a passeares pela
emblemática ponte Galata ou a apreciares o dia-a-dia numa das avenidas
desta cidade encontras sempre uma multiplicidade de vidas. Diferentes
passados, culturas e histórias convivem em harmonia. E sentes essa
história não apenas nos monumentos ou estradas por onde andas mas, e
principalmente, nas pessoas. Nas suas tradições e hábitos. Na sua forma
de estar e interagir. É mais que tudo uma cidade real e que existe.
Cappadocia contrasta com esta agitação
harmoniosa. Aqui encontras uma calma por entre os seus imensos vales.
As pessoas em tudo são iguais. Ficas com a certeza que a hospitalidade é
do país e não apenas duma região. Gosto muito como toda esta zona tem
diversos ângulos. E se Istanbul é um mosaico cultural, este é um mosaico
paisagista. Ambos entregam-te emoções forte. Gostei de me perder (mas
não muito) por aqui, ou de encontrar aquele pequeno abrigo em que apenas
a vida selvagem entra. E gostei de caminhar. Talvez seja algo genético.
Estamos capacitados para andar, e, depois de uma vida sedentária, todo o
meu corpo pedia para andar. Seguir trilhos como que chegasse a um porto
de abrigo distante.
E eu apenas vi dois locais. Uma
pequena amostra do que tem para oferecer. Descobrir este país foi uma
dádiva. Sinto que o substimei muito. Procurei um local de transição e
encontrei um espaço autêntico e acolhedor. E depois de uma tão boa
recepção, sinto-me em casa. E de tanto me confundirem com um, hoje
sinto-me também um pouco turco...
Tesekkür ederim por tudo
Hosçakal Turquia.
P.S. Amanhã é dia de viagem. Quando
voltar a este espaço já estarei no Irão com outras aventuras para
relatar. Se tudo correr bem volto a este espaço quarta-feira.